bruna gonçalves
ele não vem
2017
Levantava todos os dias pela manhã, ignorava o espelho do meu quarto, ia em direção ao banheiro. Líquidos, chão frio, texturas macias e o frescor na boca. Agora sim, podia encarar meu reflexo e dizer olhando bem no fundo dos meus olhos: Ele não vem
Ele não vem por que essa história não é sobre um homem, as leis o protegem e à mim resta a morte diária. Ele não vem porque encarar minha expressão corporal é fazer com que ele encare o reflexo de si, eu sou produto da mesma sociedade que o protege e que me anula.